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(Des)Tensões

A exposição (Des)Tensões (Living Room, MCO Arte Contemporânea) surge num contexto que possibilita uma reflexão sobre a existência objectual do espaço, abordando três aspectos ligados à concepção deste: Deslocamento, Localização e Extensão.

Neste momento, poderei falar de uma atracção pelo conceito de espaço em detrimento da forma (pois esta resulta da construção daquele), não sendo, porém, uma preocupação essencial para o desenvolvimento do meu trabalho.

Tendo o espaço como ponto de partida, a construção desenvolve-se numa descoberta, ambígua e contraditória, que torna possível o surgimento de novas estruturas.

Realidade ambígua, metáforas espaciais introduzidas no plano da pintura, onde o volume, a superfície, a luz e sombra, o vazio e preenchido, organizam o espaço auto-referencial no contexto da sua existência.

Aqui, a ideia de “vazio” torna-se importante, pois estas estruturas têm uma existência assente na repetição rítmica de elementos definidores de espaço, o que poderá sugerir um discurso suspenso, permitindo abordar o conceito de tempo e espaço.

A repetição e deslocamento dos elementos destas estruturas conferem-lhe um carácter de mutação, deixando a representação do espaço presa num estado efémero e de constante redefinição, onde a ideia de “origem” se torna importante para o desenvolvimento de um discurso cêntrico. Agora, todos os enunciados e combinações remetem para a localização, enquanto o espaço é definido através de coordenadas que preservam a sua existência objectual.
A representação, aqui, assume um carácter periférico que torna possível uma reflexão, um intervalo, que suspende a representação do objecto/espaço. Neste intervalo, onde o objecto se define pelas suas coordenadas, torna-se possível a intersecção e a redefinição de um espaço que se prolonga através da multiplicação das suas coordenadas. No desenvolvimento desta extensão, o espaço aparece de uma forma continuada, onde existe uma estrutura: pontos que definem uma organização e posicionamento, embora volátil.

Uma falha que separa o sujeito do objecto e da consciência de Ser, tornando possível a ligação ao contexto de uma totalidade dialéctica, que impede o sujeito de reconhecer o mundo real como sua criação.

Ricardo Pistola, 2004.

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